Joni Mitchell foi hospitalizada recentemente, Porém a artista está doente há anos. Ela descreveu sua doença debilitante como “um assassino lento e imprevisível, uma doença terrorista. Ela vai explodir um dos seus órgãos, deixando você na cama por um ano.” No entanto, médicos descrevem essa mesma doença como um meme de internet, uma ilusão que se espalha online.
Mitchell falava sobre a síndrome de Morgellons, uma doença cujas vítimas afirmam que suas peles ficam repletas de fibras parasitárias, muitas vezes surgidas a partir de feridas e lesões. Além disso, a doença causaria fadiga e outros problemas de saúde associados à coceira na pele.
Uma invasão dos tecidos humanos através de uma nanotecnologia transmisível que adota a forma de nanotubos, nanocabos, nanomatrizes com sensores e outras configurações, todas elas autoensambláveis e autorreproduzíveis, algumas das quais contêm DNA e ARN modificados geneticamente e juntados. Estas nanomáquinas desenvolvem-se bem em meios alcalinos e obtêm energia a partir da energia bioeléctrica do organismo e de outras fontes não identificadas.
Existem indícios de que estas minúsculas máquinas possuem suas próprias baterias internas. Também é possível que sejam capazes de receber sinais e informação específicas por médio de microondas, campos electromagnéticos e ondas de frequência extremamente baixa sintonizadas. Não se sabe qual é seu objetivo.
Os sintomas vão desde as lesões cutâneas das que surgem fibras simples ou de cores, lesões nas que não se formam crostas com normalidade, que cicatrizam muito lentamente e que nunca sofrem infecções bacterianas, até o nevoeiro mental, o cansaço, a depressão, etc.
Também se comprovou que as nanomáquinas de Morgellon se acham comumente em todos os fluídos e orifícios corporais, com frequência inclusive nos folículos capilares, e se supõe que de maneira rotineira atingem uma penetração total e sistêmica do corpo.
Quase todos os afetados informam de que as nanomáquinas de Morgellon parecem ter algum tipo de inteligência de grupo ou de colmeia. O contágio parece ser possível quando as fibras se desprendem das pessoas infectadas e também através de todos os vetores bacterianos ou virais normais.
A doença de Morgellons não é aceita como uma realidade dentro da comunidade médica. Muitos médicos e pesquisadores creditam à internet a criação dos sintomas para difundir auto-diagnósticos de Morgellons como uma espécie de folie à deux digital. “Parece ser uma doença socialmente transmitida pela internet”, disse o especialista em ilusões em massa (sim, isso existe) Robert E. Bartholomew ao Los Angeles Times em 2006.
Em 2008, um painel de médicos respondeu questões sobre Morgellons para o Washington Post. Na ocasião, o médico Jeffrey Meffert acusou explicitamente a internet e as comunidades digitais como culpadas pela ideia da doença ter se espalhado. Céticos não veem a síndrome de Morgellons como um vírus, mas sim como uma mentira que viralizou.
Em 2012, o Centro de Controle de Doenças do governo dos EUA (CDC, na sigla em inglês) investigou a Morgellons e concluiu que trata-se de uma doença psicossomática. Um porta-voz do CDC me disse que o centro não coleta mais relatórios sobre a síndrome desde que o estudo foi publicado. Muitos médicos acreditam que as pessoas que se auto-diagnosticam com Morgellons têm ilusões de parasitose e infestação, e infligem as escoriações em si mesmas. Em outras palavras: é tudo coisa da cabeça delas.
Pessoas que se identificam como pacientes vítimas da Morgellons;ou “Morgies”; ficam chateadíssimas com essa avaliação. E para onde as pessoas vão quando acham que a comunidade médica vai rejeitá-las? Para a internet! As pessoas que têm o que o CDC chama de “dermopatia inexplicada” são, em grande parte, auto-diagnosticadas através de pesquisas na web, ou diagnosticadas por outros membros da comunidade através da internet.
O termo “Morgellons” se espalhou pela web devido a uma mulher do estado da Pensilvânia, nos EUA, chamada Mary Leitao, que blogou sobre a inexplicável doença de pele do seu filho em 2002 e a chamou de “Morgellons”, se referindo a uma doença obscura descrita no século 17.
A maior parte dos pacientes de Morgellons começou a relatar os sintomas depois de 2002, o que faz com que alguns médicos mais céticos acreditem que a informação sobre Morgellons na internet infecta as pessoas com uma ilusão em massa, oferecendo informações vagas demais para que elas compreendam o que está fazendo com que elas se sintam mal.
Sentindo-se traídas pela medicina moderna, as pessoas passaram a desenvolver uma bibliografia digital não-oficial coletiva sobre a doença. Eles se organizaram em grupos como o Morgellons Research Network, além da encerrada Morgellons Research Foundation, e a Charles E. Holman Morgellons Disease Foundation. Joni Mitchell até já falou em abandonar a música para focar suas energias em fazer divulgar a síndrome. Quando você dá uma olhada nos grupos de apoio a vítimas da Morgellons na internet, dá para notar uma ênfase clara em provar que os Morgies não são simplesmente malucos: são pessoas obcecadas em documentar as tais fibras em fotografias e vídeos.
A persistência e o clamor da comunidade digital fez com que o CDC criasse uma força tarefa de milhões de dólares para investigar a doença. O fato do CDC ter concluído que o problema é provavelmente psicológico não fez com que os Morgies parassem de buscar uma cura.
A morte cai do céu
Os esforços para provar que a síndrome de Morgellons são reais e certamente lembram bastante o que os teóricos da conspiração fazem na internet. Alguns grupos acreditam que a doença é causada por compostos químicos liberados por aviões — as trilhas químicas, ou “chemtrails“.
Mais de 14.000 pessoas se registraram na Morgellons Research Foundation, a maior parte delas sendo mulheres. É verdade que há muita conspiração paranoica entre os Morgies, mas muitos deles simplesmente querem entender por que médicos não conseguem explicar a coceira com uma explicação melhor do que “é o sintoma de uma doença psicológica”.
Olhando para as tendências conspiratórias de alguns pacientes com Morgellons e a ausência de evidência médica apontando para alguma questão física, é tentador simplesmente rotular a doença como alguma maluquice perpetuada pela web. Mas isso seria uma postura grosseira.
Mesmo que a comunidade médica nunca encontre uma raiz física para as causas de Morgellons, a dor sofrida por aqueles que se identificam com ela é claramente real. Joni Mitchell não está de brincadeira. E se a internet contribuiu ou não para a popularidade da síndrome de Morgellons, ela só fez isso para funcionar como um sistema de apoio para uma comunidade desesperada para ser ouvida.
Fontes: gizmodo | despertaotuquedormesads | rense
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